31.1.06

Manifesto Tupperware

Imagine como o mundo seria um lugar mais pacífico, melhor para se viver e onde as famílias brigariam muito menos, se utilíssimos e malditos tupperwares fossem utensílios de propriedade coletiva.

Antes de fechar a página indignado com a superficialidade do tema que você talvez considere indigno de uma mensagem que exiba o título de manifesto, Alto lá! Pense duas vezes e considere a possibilidade de o assunto envolver conceitos tão relevantes para o ser humano como desapego e bem comum por traz da imagem de pequenos potes plásticos cujas tampas nem semprem se resignam à sua função, tão explícita no nome que provavelmente deu origem ao verbo.

Em nome da eliminação de preocupações desnecessárias, que as necessárias já nos ocupam por demais a cachola, proponho que os referidos utensílios que utilizamos para acondicionar sobretudo alimentos sejam considerados propriedades universais da humanidade, tendo direito de utilizá-los aqueles que de tais utensílios detenham a posse momentânea.
Isso não daria às pessoas o direito de usurpá-los, mas sim de utilizar um potinho que esteja em sua residência levado por um amigo como se fosse seu, até que a eventual necessidade de levá-lo a outro lugar se apresente e aí então este passaria a ser o novo dono temporário do objeto e assim por diante. Imagine quanta praticidade, quanta paz e alegria singela invadiriam nosso cotidiano.

Se você concorda, adote esta postura e divulgue-a. É claro que as obsessivas entidades mães podem ser consideradas geração perdida e para quem tem mãe que tem potinho, nem precisa explicar por que a tentativa de convertê-las seria tão absurdamente infrutífera. Por outro lado, esperançosos no potencial de altruísmo das novas gerações, poderíamos estender à condição de bem de uso coletiovo, outros artefatos com grande benefício para nossa tão sobrecarregada de ansiedade agenda mental, particularmente aquele incômodo acessório conhecido como guarda-chuva. Assim, cada um que esquecesse seu guarda-chuva em algum sítio, saberia que este seria muito útil a outrem que porventura tenha esquecido o seu – e pronome possessivo aqui indica apenas uma condição temporária.

Um pequeno exercício de desapego para o homem. Se não formos capazes com objetos tão banais, que grande esperança resta para a humanidade?

Nenhum comentário: